quinta-feira, 11 de agosto de 2011

LENGYEL E OS MARSHALL


 
Na tarde chuvosa do dia 14 de novembro de 1970 o branco e o verde do uniforme do Thundering Herd se misturava ao barro pegajoso do gramado da Carolina do Norte. E nem toda a vontade dos universitários de Marshall impedira a derrota: 17 a 14, numa partida muito disputada contra o East Carolina. O campeonato universitário de football daquele ano estava muito parelho e todo jogo ganhava ares de decisão, onde a entrega não poucas vezes sobrepunha-se à técnica.

Mal sabiam estes jovens ídolos* dos cidadãos de Huntington que a viagem de volta, na aeronave McDonnell Douglas DC-9, seria a última das suas vidas. À altura de Wayne County, West Virginia, a chuva intensificara-se e com ela as turbulências. As árvores próximas ao aerorporto de Huntingon foram cortadas pelas asas do aeroplano e o mesmo ao atingir o chão explodira. Os 75 passageiros morreram, incluindo os 37 membros da equipe de futebol de Marshall, os 12 membros da comissão técnica, 21 torcedores e os 5 membros da equipe de tripulantes.

O tempo para aquela pequena cidade norte-americana parou! O site de memorial do time Marshall destaca o acidente como o evento que determinou uma linha do tempo para uma comunidade inteira... o antes e o depois do "The Crash" (“a colisão”).

Passado algum tempo do desastre, a Reitoria e o Conselho Diretivo da Universidade estavam em vias de encerrar o programa de football. Decisão que não foi efetuada devido a um pedido de três jogadores que não puderam viajar com a equipe por estarem contundidos. Porém, enfrentariam muitos obstáculos para que pudessem jogar novamente. Teriam que conseguir uma nova comissão técnica, já que o único sobrevivente foi o auxiliar técnico Red Dawson (não viajou por estar numa atividade de recrutamento de novos jogadores) que estava decidido a não trabalhar mais com futebol; a NCAA (National Collegiate Athletic Association, órgão regulamentador do esporte universitário nos EUA) não permitia a participação de calouros nos jogos; também teriam que conviver com a sombra desse passado terrível que assolara toda a cidade, fazendo com que os habitantes convivessem com o mesmo time, mas não com seus filhos, irmãos e amigos que outrora vestiam as cores de Marshall.


A reconstrução da equipe enfrentou seu primeiro obstáculo na escolha do treinador, já que nenhum dos contatados quiseram assumir o trabalho. Foi aí que surgiu uma importante figura dessa história: Jack Lengyel. Ele enviou uma carta ao reitor dizendo que gostaria de colaborar nessa empreitada. Foi aceito, e assim montou um staff técnico e mais do que isso, conseguiu trazer Red Dawson de volta e, através do reitor, também conseguiu uma autorização da NCAA para que os calouros pudessem integrar o time, inclusive alguns que nunca haviam jogado futebol.

A temporada não foi muito boa em relação a resultados, mas o programa de football da Universidade de Marshall se tornaria um dos maiores dos Estados Unidos e, nas décadas posteriores, vencedor de diversos títulos estaduais e nacionais. Aos poucos os habitantes de Huntingon voltaram a freqüentar o estádio; pais, irmãos, esposas e amigos dos mortos no acidente de 14 de novembro de 1970. Era a vida que seguia. O uniforme verde e branco dos Thundering Herd mitificou-se e essa história foi retratada, inclusive, no cinema. Com o filme “We are Marshall” (Nós somos Marshall).



* Nos Estados Unidos, principalmente nas cidades interioranas, os habitantes se envolvem fervorosamente com esportes universitários, tais como o basquete, o futebol e o beisebol. São tão apaixonados ao ponto de fecharem os comércios e rumarem pelas ruas, juntos, em direção aos estádios; que normalmente ficam lotados. Assim, essa cultura é alimentada e os jovens universitários ganham o status de ídolos.


Fontes e imagens:
http://www.marshall.edu//library/speccoll/virtual_museum/memorial/default.asp;
Imagem 01 – Equipe de 1970;
Imagem 02 - Jack Lengyel, Matthew McConaughey (interpreta Lengyel no filme “We Are Marshall”), Red Dawson e Matthew Fox (interpreta Dawson no filme “We Are Marshall”).

9 comentários:

  1. Historia linda!! Gostaria de um dia conhecer o lugar. gafjr1977@gmail.com abç.

    ResponderExcluir
  2. Assisti o filme e chorei muito,emocionante.

    ResponderExcluir
  3. Muito triste,serve de lição temos que se apega a algo e lutar por ele de alma e coração

    ResponderExcluir
  4. Muito triste com a tragédia da Chapecoense!Lembrei do filme Somos Marshall! História triste se repetindo! Espero que os sobreviventes do Chape consigam ficar a vida, e sguir em frente como os Marshalls! Somos todos Chapecoenses!!!

    ResponderExcluir
  5. Muito triste com a tragédia da Chapecoense!Lembrei do filme Somos Marshall! História triste se repetindo! Espero que os sobreviventes do Chape consigam ficar a vida, e sguir em frente como os Marshalls! Somos todos Chapecoenses!!!

    ResponderExcluir
  6. Quando soube da notícia foi inacreditável, imediatamente associei ao filme "Somos todos Marshall", muita tristeza envolvida com muita dor e saudades! ! Que Deus conforte imensamente as famílias nesse momento trágico. E força e garra para aqueles que ficam e fé muita fé !
    SOMOS TODOS CHAPECOENSES!

    ResponderExcluir
  7. Eu tbm lembrei do filme e história dos Marshall. Muito triste mesmo.

    ResponderExcluir
  8. Realmente as histórias são muito parecidas... Triste muito triste...

    ResponderExcluir
  9. Assim que comecei a ver as reportagens na tv sobre a Chape, tbm lembrei do filme na hora, é realmente uma historia e uma tragedia muito parecida, com uma linda historia de superação, assim como o povo de Chapeco o time da Chapecoense e todos aqueles q sofreram com essa tragedia tbm vao se superar. Somos todos Chape.

    ResponderExcluir